Poesias da escola
Esse blog, criado na folguinha da madrugada do dia do professor tem por objetivo divulgar um pouco do que penso...via um texto diferente do habitual que pratico na direção escolar ou no doutorado: via poesia - se é que é isso que faço...
domingo, 5 de junho de 2016
domingo, 5 de maio de 2013
SOBRE HERÓIS
No tempo de minha mãe
os heróis combatiam
o capitalismo "salutar"
a ditadura militar
a polícia mídia
o exército ditatorial
a escola pública tradicional
No tempo de agora (meu tempo?)
os heróis combatem
o consumismo do capital
a democracia ditatorial
a polícia política
o exército residual
a escola pública atual
Só que
Não saem às ruas
Nunca gritam às escuras
Usam, disseminam e morrem de drogas
Não carregam o peso do mundo nas costas
Criticam, reclamam, não propõem os avanços
Não diferenciam processo, causa, consequência e ranços
Nadam na maré midiática da hora
Mas solucionam tudo com escola
Por que só eu infeliz
com a profissão por um triz
que falo do que constrói
a figura de um herói?
os heróis combatiam
o capitalismo "salutar"
a ditadura militar
a polícia mídia
o exército ditatorial
a escola pública tradicional
No tempo de agora (meu tempo?)
os heróis combatem
o consumismo do capital
a democracia ditatorial
a polícia política
o exército residual
a escola pública atual
Só que
Não saem às ruas
Nunca gritam às escuras
Usam, disseminam e morrem de drogas
Não carregam o peso do mundo nas costas
Criticam, reclamam, não propõem os avanços
Não diferenciam processo, causa, consequência e ranços
Nadam na maré midiática da hora
Mas solucionam tudo com escola
Por que só eu infeliz
com a profissão por um triz
que falo do que constrói
a figura de um herói?
sábado, 27 de abril de 2013
reflexões sobre educação (de novo, né?)
EDUCAR NÃO É PRA FORMAR CIDADÃO
NÃO É ENSINAR
NÃO É APRENDER
NÃO É PLANEJAR
MENOS AINDA AVALIAR
EDUCAR NÃO É PRA PROFESSOR
NÃO É PRA ALUNO
NÃO É PRA PESQUISADOR
MENOS AINDA PRA ECONOMISTA E POLÍTICO
EDUCAR É PRA COMER
É PRA VESTIR
É PRA SENTIR
NÃO É VAGO
É SUB(OB)JETIVO
A MÃE DIZ:
- MENINO ESTUDE
PRA PASSAR DE ANO! PRA FAZER PROVA! PRA GANHAR PRESENTE! PRA FAZER CONCURSO!
O PROFESSOR DIZ:
- MENINO ESTUDE
MUDE!
Receitinha pra superar a alienação cotidiana: arte, ciência, política e EDUCAÇÃO (que deveria ser tudo isso misturado, temperado e servido em temperatura ambiente).
NÃO É ENSINAR
NÃO É APRENDER
NÃO É PLANEJAR
MENOS AINDA AVALIAR
EDUCAR NÃO É PRA PROFESSOR
NÃO É PRA ALUNO
NÃO É PRA PESQUISADOR
MENOS AINDA PRA ECONOMISTA E POLÍTICO
EDUCAR É PRA COMER
É PRA VESTIR
É PRA SENTIR
NÃO É VAGO
É SUB(OB)JETIVO
A MÃE DIZ:
- MENINO ESTUDE
PRA PASSAR DE ANO! PRA FAZER PROVA! PRA GANHAR PRESENTE! PRA FAZER CONCURSO!
O PROFESSOR DIZ:
- MENINO ESTUDE
MUDE!
Receitinha pra superar a alienação cotidiana: arte, ciência, política e EDUCAÇÃO (que deveria ser tudo isso misturado, temperado e servido em temperatura ambiente).
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
MINHA REFLEXÃO SOBRE POR QUE PROFESSOR?
Eu não pude ser médica porque não aguentava as feridas do corpo. Não pude ser comerciante por não confiar completamente no que vendia. Não deu pra ser arquiteta, pois tinha mais o impulso de derrubar que construir. Não fiz direito por que entendo, mas não aceito a impunidade desse país. Não deu pra ser mecânica porque nem sempre substituo as peças velhas. Não deu pra ser dona de casa, porque precisava sustentar família...
como professora, vivo causando feridas...na alma, mas às vezes curo. Vivo vendendo sonhos ou pesadelos, a maioria inatingíveis, mas todos necessários. Prefiro dilacerar sempre as certezas para construir dúvidas das cinzas. Sou quase sempre parcial, transparente e tento ser justa. Prezo pela ordem, não pelas leis. Acredito que muita coisa antiga ainda funcione em conjunto sempre com novidades que as acrescentem ou melhorem (sou uma conservadora moderna). Não deu pra ser só professor porque precisava sustentar família...Essa sou eu: professora de corpo e alma!
Ana Paula Marques (15/10/2012)
Mas as minhas prediletas:
(Ana Paula Marques)
(Ana Paula Marques)
CHANCE
Menino magro
Do barracão
Mãe viciada
Pai ladrão
Sofre maus-tratos
De pé no chão
Olho social
Não tem função
Vão te tomar
Colocar na instituição
Te por na escola
Resolve não
Família é o forte
De qualquer cidadão
Amor não tinha
Amor tem não
Cadê solução?
Vai ser prostituta?
Vai ser traficante?
Vai ser ladrão?
Cadê sua chance
De dizer não?
(Ana Paula Marques)
AMOR FEDERAL
Menino pobre
Que vale muito
Quanto mais tiver
Maior o dote
A profissão?
Criar filhote
Quanto mais tiver
Maior a sorte
Ele vale gás
Ele vale água
Ele vale luz
Ele vale casa
Ele vale bolsa
Ele vale leite
Ele vale cesta
Não rejeite
Ele vale merenda?
Ela logo empreenda:
Comida
Mochila
Uniforme
Passagem
Material
O que falta, afinal?
Ah,
Ele vale escola
A mãe cadê?
Quer mais esmola
Trabalho não
Tem melhor função
Marido ladrão?
Vale muito na prisão
Lá vem pensão
Salário mínimo?
Pobreza não!
Esse é deficiente?
Meus Deus!
Coisa melhor, tente
Um salário pra mãe!
Do menino “doente”
Te crie na rua
Te crie na escola
Só não te entrego
Só não te nego
Que o governo
Abençoa
Sempre (que aberração!)
A mãe profissão
Pra ler e escrever
PROCUREI UMA RIMA
PRA MONTAR
UMA POESIA
FÁCIL DE ALFABETIZAR
NÃO ACHEI NADA
NEM AQUI
NEM ACOLÁ
PÉ RIMA COM CHULÉ
MAS É APELAÇÃO
PATO RIMA COM SAPO
MAS NÃO FAZ
NENHUM SENTIDO NÃO
O QUE FAZER ENTÃO?
O JEITO É
BRINCAR DE MONTAR
NUMA ORGANIZADA CONFUSÃO
QUEBRA-CABEÇA DE LETRAS
SÓ NO CARINHO E ATENÇÃO
Mapa
Frente à restrição estrita
Da linguagem cartográfica escolar
Frente à representação inócua
De símbolos, números, cores
Frente à diferenciação enlinhavada
Do movimento apático e chapado
No desenho inimitativo da criança
Vi, um dia:
A vastidão ilimitada cercada.
(Ana Paula Marques)
Vadiavaliando
A avaliação externa
Entra na escola
Mede/corta cabeças
Define políticas
Denomina a educação
Sai da escola
Mas diz:
- Sou só um instrumento
a mais...
- Sou um auxílio para reflexão
do professor...
Justiça? Seja feita!
A praga que Aquele aluno rogou
Na última prova
Caiu no professor!
(Ana Paula Marques)
A importância da escola
A sociedade precisa da escola
Pra formar o cidadão
A justiça recomenda a escola
Pro filho do ladrão
Cadê o suporte, então?
Só aparece avaliação!
Cota é enganação
Descrédito e abandono revelam a confusão
O traficante, o estuprador,
O assassino, o sequestrador,
Deixam o filho na escola
Pra botar terror
Com discurso desafiador
pais presos (melhor ainda)
Gordas bolsas, mérito devido
Ande na linha, Professor!
A criança tem direito
De destruir patrimônio, de quebrar colega e profissionais
Por que deveres, nessa sociedade
É crime, é bulling, não se ensina jamais!
Não toque, não reclame: tema!
Por que se ela for pega,
Tenha pena!Ela é só vítima do sistema!
E depois, te arrebenta!
“O professor ensina para a vida!”
E a vida o aluno ensina pro professor
O pedido de socorro, aquele abalador,
Tem na justiça o discurso mais conservador
(Ana Paula Marques)
Bulling da Escola de Todos
Na escola para todos
Todos entram
Menos a justiça
A igualdade
A oportunidade
O afrodescendente carente
Que tente
Porque cota
está na moda
O homossexual se exprime
(ou imprime?)
Porque homofobia (o contrário não)
é crime?
Os deficientes entraram
Por que as escolas “especiais”
acabaram
Também serviços “profissionais”
E “todo o resto”?
(Desculpem: “todos”
Porque resto é bulling)
Mas/mais (quase esqueço!)
Se esqueço, padeço!
O profissional menos
Com salário? Subsídio? Fenômenos!
Que dão (nem mais nem menos)
Aulas Tratamentos Passa-Tempos
Do “resto” menos
(Desculpem: nem “resto”
nem “menos”,
mais que é bulling
Haja sofrimento(s)!)
Na escola menos de todos
Na sociedade de ninguém menos
(Ana Paula Marques)
O POBRE-COITADO
O pobre-coitado
Manda tomar
Depois vai desculpar
O pobre-coitado não deixa
Ninguém estudar
Mas ele vai mudar
O pobre-coitado
O Conselho Tutelar
Mandou deixar
Não pode expulsar
Tem que aceitar!
Quando, na sala, as calças tirar
É por que (coitado)
Atenção quer chamar
A escola
Vai aguentar!
Por que o pai
Droga tem que usar
A mãe
Bolsinha precisa rodar
Coitado do pobre-coitado
Que na escola quer descontar
E a oportunidade persiste em tirar
Da menina abusada pelo vizinho
Do moleque aviãozinho
Do adulto trabalhador
E do professor
Que só queriam aprender e ensinar
E seu futuro mudar
Pobre-coitado(s)!
(Ana Paula Marques)
CONFUSÕES DE ÉPOCA
Nenhum político se elege
Com promessas
de orfanatos
E sistemas prisionais
Todo político se elege
Com promessas
de escolas
E hospitais
E segue-se construindo escolas e hospitais
E segue-se educando
sem criar
Tratando
sem curar
Fique esperto!
Ao que é certo:
Não se pode nem aos pais
nem aos bandidos responsabilizar!
Punir é curar? Não sei bem,
Mas tenho a certeza de que a
IMPUNIDADE
É o mal dessa sociedade
E segue-se com
educação
sem o pai sem a mãe:
olha o órfão!
Prisão? Não!
Hospitais tratam
a agressão:tiros, facadas, tráfico
contra a: população!
Insuficiente
Por que nunca irão acompanhar
Um povo-órfão-doente
Que nem sabe no que votar
(Ana Paula Marques)
Mais poesias, agora sobre:
VIVÊNCIAS:
Óculos escuro
Comprei um óculos escuro
Só para tirar
A ofuscação do seu olhar
Comprei um óculos escuro
Pra enxergar
O tempo que você não viu passar
Quem sabe assim
Vai dar pra ver
Aquilo que nunca
Percebi em você?
Quem sabe assim
Vou encontrar
Fora da luz
O brilho do seu olhar?
Comprei um óculos escuro
Para na noite do dia envolver
Meu amor por você
(Ana Paula Marques)
Fobia estranha
Às palavras insulto
Pela sua maneira indecorosa
De sempre se acharem suficientes
Em traduzir tudo
Com fobia de palavras quero então exilar-me
No silêncio impenetrável das minhas entranhas
Na coma indizível
No pensamento intraduzível
Não quero mais dizer nada
Só quero sentir
Só quero olhar
A censura apreciar
Não quero traduzir o mundo
Não quero explicar a vida
Não quero encontrar saída
Só quero sentir
Essa fobia estranha
De manha tamanha
Do não dizer
Só quero sentir
Essa fobia estranha
De manha tamanha
De querer você
Sem as palavras
Pra cortar o prazer
Vou te querer
No meu silêncio
Ter aquecer
Com minha pele
Com a boca te envolver
Com um beijo emudecer
Só pra escrever
Com tinta transparente
Sem marcas sem registro
Meu amor em te ver.
(Ana Paula Marques)
Pele
Outro dia senti na pele o vazio do mundo...
É ela o muro que nos separa da realidade
É ela a barreira que nos distingue do outro, no fundo
É ela o limite da minha atividade
Da alteridade
Da agilidade
Da espiritualidade?
Um arrepio me passou pela pele.
Também é ela
a porta escancarada
da saída
e da entrada
da vida.
(Ana Paula Marques)
O CÂNCER
O câncer é como uma maçã
Que apodrece
Tudo vai escurecendo por dentro
A fruta perde sua consistência
Sabor? Não existe mais
Ser provada? Jamais!
A aparência degenera
Murcha
Encroa
Degrada
No meio das rugas e verrugas
Observa-se a pele estragada.
Indiferente ao processo
Por dentro já escura
Encontra-se a semente, intacta
Talvez até mais madura
Pensando, calada,
Em aproveitar
A terra agora estercada
(Ana Paula Marques)
Marte
Alguns viram um rosto humano,
Outros viram pirâmides
Outros viram vegetação
Há os que juram ver marciano.
Em ti, pequeno planeta vermelho
Vejo com muito desespero
Desertos frios
e pólos de gelo
Se o zelo
Não aprendermos
Como ti logo pareceremos
Já que a poluição não combatemos
(Ana Paula Marques)
Sentindo na pele
Outro dia senti na pele meu limite!
É ela o muro ao real
É ela a barreira à Afrodite
É ela a separação espaço-temporal
Um arrepio na pele
Um portão.
Reação?
Emoção.
(Ana Paula Marques)
Descrição
Certo dia, resolvi:
me descrevi
no papel.
Não cabia...
eu já sabia!
Novas folhas trazidas.
Muitas folhas
Mar de folhas esquecidas
Folhas-mortas
Árvores-mortas
Brancura
em pilha
Descrita!
(Ana Paula Marques)
VIDA PRÉVIA
Preconceito
Pré conceito
Conceito prévio
Ser negro
Ser mulher
Ser feio
Ser deficiente
Ser homossexual
Ser diferente
Ser gordo
Ser imigrante
Ser doido
Não são conceitos
São formas de ser
Ser vivo.
(Ana Paula Marques)
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